Sem vacinas, municípios do interior de MS não conseguem atender zona rural

Apesar da estrutura para realizar imunização, falta de imunizantes prejudica a vacinação no interior de MS

A estrutura de drive-thru foi montada no estacionamento de uma empresa de plano de saúde. Foto: Álvaro Rezende/ Correio do Estado

Além de driblar a escassez de vacinas contra o coronavírus, os municípios de Mato Grosso do Sul também precisam de estratégias para levar os imunizantes aos moradores da zona rural, porém, para isso, ainda necessitam de doses suficientes.

“Não temos nenhuma dificuldade em aplicar o imunizante, só a falta de vacina. Estamos usando muito pouco da nossa capacidade de vacinação. Se tivessem as doses finalizaríamos a imunização rapidamente”, afirma o prefeito de Chapadão do Sul, João Carlos.

A falta de vacinas é um problema nacional e a escassez do produto provoca o atraso na imunização da população.

As doses são recebidas pelo governo do Estado, que distribui aos municípios responsáveis pela aplicação. Nesta semana, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) distribuiu o quarto lote do imunizante, que chegou na segunda-feira (8).

Com a distribuição das doses, é preciso que sejam desenvolvidas estratégias para que a população seja vacinada de acordo com o calendário proposto pelo Ministério da Saúde, priorizando profissionais da linha de frente de combate ao coronavírus e idosos, para que o processo seja o mais efetivo possível.

Caso haja o recebimento de todas as doses necessárias, os municípios garantem ter um plano eficaz para realizar a vacinação em todos, até mesmo naqueles que moram na zona rural.

Segundo a enfermeira e coordenadora de Imunização e Vigilância Epidemiológica de Figueirão, Renata Rezende, a vacinação na zona rural do município depende da quantidade de doses recebidas.

“Se tivermos uma quantidade maior de vacinação, realizaremos a imunização no posto de saúde, para aqueles que moram na zona urbana. Teremos também equipes que vão à zona rural para aplicar a vacina, mas tudo depende da quantidade que recebermos”, frisa.

Ainda de acordo com a coordenadora, 3 mil doses do imunizante são suficientes para atender toda a população do município, localizado a 242 km da Capital sul-mato-grossense.

Porém, mesmo o número sendo consideravelmente pequeno, em relação a outros municípios do Estado, ainda não é possível atender todo a demanda.

“Temos equipe e temos materiais. Com as três mil doses necessárias imunizaríamos todos de Figueirão em 10 dias. Usaríamos os veículos da Secretaria de Saúde, que são poucos, mas já estamos agilizando a parceria com outras secretarias como a de Educação, assim levaríamos a vacina para todos”, explica Renata Rezende.

Em Corumbá, distante a 425,9 km de Campo Grande, o secretário municipal de Saúde Rogério Leite, disse que ainda não tem estratégia para vacinar a população ribeirinha do município, que representa a maior do Estado.

Ainda de acordo com Leite, a prefeitura tem seguido com o planejamento previsto para as doses que chegaram. Essas são aplicadas no grupo prioritário, como orienta o Ministério da Saúde, de acordo com a agenda nacional.

DOSES APLICADAS

De acordo com o vacinômetro de Mato Grosso do Sul, 76.614 doses foram aplicadas em todo o Estado, o que representa um porcentual de 48,71% dos definidos grupos prioritários para essa primeira fase de vacinação.

Até o dia 8 deste mês, o município de Bodoquena, um dos que apresentaram maior taxa de vacinação do primeiro público prioritário, tinha imunizado 140 profissionais da saúde.

Ao todo, 178 pessoas tomaram a primeira dose da Coronavac no município e outras 60 tomaram uma dose da AstraZeneca. Bodoquena também iniciou a vacinação dos idosos com mais de 87 anos.

Em comparação, um dos maiores municípios de Mato Grosso do Sul, Dourados, está bem atrás do ranking de vacinações. Segundo a assessoria do município, a taxa de vacinação está longe de ser finalizada.

Antes de chegar o quarto lote da vacina, o município, localizado a 229,2 km da Capital, imunizou apenas 720 idosos, com mais de 80 anos. Ao todo, a cidade tem 3.664 que estão nesta faixa de prioridade.

O secretário adjunto de Saúde de Dourados, Edvan Marques também destacou que o problema da imunização é a pouca quantidade de doses.

“Temos um estoque insuficiente. O fracionamento dos grupos também dificulta o processo. Penso que se pudéssemos atender todos de um grupo só até o fim seria menos desgastante. Este é o grande gargalo. Quanto equipe técnica de execução e salas de vacinação equipadas, nós temos tudo isso”, afirma Marques.

NOVO LOTE

Nesta semana, Mato Grosso do Sul recebeu o quarto lote de vacinas, com 32 mil doses. Os imunizantes foram divididos entre os municípios do Estado, na segunda-feira.

De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, a distribuição das doses tem como objetivo possibilitar que os municípios continuem com a vacinação dos idosos com mais de 80 anos, além dos profissionais da saúde.

“Muitos municípios já completaram a vacinação de seus profissionais de saúde e estão continuando a vacinação dos idosos acima de 80 anos. Queremos proteger as populações que são mais vulneráveis. Estamos vacinando os públicos prioritários e vamos ampliando na medida em que forem imunizando as pessoas e com a chegada de novos lotes de vacina”, afirma.

De acordo com o governo do Estado, das 32 mil doses distribuídas aos municípios, mais de 10 mil serão direcionadas para a aplicação da segunda dose nos idosos com mais de 80 anos.

As outras 21.800 doses serão usadas para aplicar 20% em profissionais da saúde e 80% em idosos acima de 80 anos.

O governo direcionou 11.600 doses para Campo Grande, 2.500 para Dourados, 1.240 doses para Três lagoas, 1.140 doses para Corumbá e Ponta Porã ficou com 940 doses.

NA CAPITAL

Com o novo lote, Campo Grande iniciou aplicação da segunda dose da vacina Coronavac nos profissionais da saúde. Para auxiliar na imunização evitando aglomeração, na Capital foram disponibilizados 18 pontos de atendimento e o drive-thru, localizado no Parque Ayrton Senna.

O reforço segue o planejamento estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e abrange também os idosos que vivem em instituições de longa permanecia – devem completar a imunização a partir desta semana.

Até a sexta-feira (5) foram imunizadas ao todo 23.985 pessoas pertencentes ao chamado grupo prioritário em Campo Grande.