Sejusp nega que em Mato Grosso do Sul exista assassinatos não registrados

Segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) 90 homicídios no Estado não tiveram registro oficial

No inicio do mês o IPEA divulgou os dados da pesquisa nacional do Atlas da Violência 2024, com dados de registros de homicídios em todo o país levantados até o ano de 2022. - Imagem: Reprodução por IA

Em resposta ao Correio do Estado, referente a pesquisa do  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) nega que em Mato Grosso do Sul exista homícidios não registrados ou ocultados das ocorrências oficiais.

No inicio do mês o IPEA divulgou os dados da pesquisa nacional do Atlas da Violência 2024, com dados de registros de homicídios em todo o país levantados até o ano de 2022.

Quando o Atlas cita o Mato Grosso do Sul nas estatísticas apresentadas, de acordo com a pesquisa do IPEA, no Estado há 90 assassinatos que não foram registrados em 2022, e em um periodo de 11 anos, o IPEA estima que 495 homicídios ficaram ocultos no Estado.

Questionado pela reportagem sobre os dados, a Sejusp informou que em Mato Grosso do Sul não há casos subnotificados de homicídios dolosos.

“Aqui no Mato Grosso do Sul existe um procedimento em que todos os casos de morte com sinais de violência, e que por ocasião do registro da ocorrência não passa a ser descrita como crime, são registrados como morte a esclarecer, gerando uma investigação por parte da Polícia Civil, inclusive os casos de acidentes domésticos com morte. Durante as investigações, se for verificado que se trata realmente de um homicídio, o boletim de ocorrência é editado e o fato passa a ser computado como tal nas estatísticas oficiais do Estado”, explicou em nota a Sejusp quando questionada sobre possíveis motivos para uma ocorrência ficar de fora das estatísticas de homicídios.

A Sejusp ainda acrescenta no seu posicionamento sobre o modo no qual o IPEA realiza a pesquisa nacional. “A pesquisa do IPEA foi feita no aspecto amplo e não levou em consideração os dados oficiais de Segurança Pública, além de não considerar fatores regionais, como é o caso de Mato Grosso do Sul, no qual são registrados os casos de morte violenta em que no momento da ocorrência já caracteriza um crime (homicídio, lesão corporal seguida de morte, feminicídio, infanticídio, latrocínio, entre outros)”.

ATLAS DA VIOLÊNCIA

O levantamento do instituto que reúne, organiza e disponibiliza informações sobre violência e segurança pública no Brasil, mostra que no Estado do Mato Grosso do Sul foram registrados 550 homicídios no último ano de pesquisa, em 2022.

Referente a casos estimados no Estado, de acordo com o Atlas da Violência, o número de assassinatos em Mato Grosso do Sul é de 640. Ou seja, entre os estimados e os registrados, existem 90 assassinatos fora das estatísticas, sem um registro oficial.

Entre os casos registrados, em um levantamento histórico de 11 anos (de 2012 até 2022), existe uma variação negativa de -19,5% no comparativo entre o primeiro e o último ano de registro, mostrando uma diminuição no número de assassinatos oficializados no Estado.

No caso dos homicídios estimados, em que as causas verdadeiras o Estado não reconheceu, levando em consideração o compartivo entre 2021 e 2022 houve um aumento de 1,7% no período.

O maior aumento ocorreu de 2019 a 2020, quando os casos tiveram uma alta de 147%, passando de 34 homicídios sem registro para 84 no ano seguinte.

Dos 90 assassinatos sem registro em Mato Grosso do Sul, apenas oito, de acordo com o Ipea, são localizados em Campo Grande.

No ano de 2020, em Campo Grande, 170 homicídios foram registrados, e 178 estimados, tendo assim, uma taxa de 19,8% de homicídios estimados por 100 mil habitantes.