
No time de “infiéis” do PSDB na votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Voto Impresso, as deputadas federais por Mato Grosso do Sul Bia Cavassa e Rose Modesto não demonstram nenhum temor de punição por parte da executiva nacional do partido, conforme indicaram ontem várias autoridades tucanas, entre elas, o governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência, João Doria, e o presidente do partido, Bruno Araújo.
Entre os três tucanos de Mato Grosso do Sul, somente Beto Pereira, que integra a executiva nacional e é bastante ligado a Araújo, votou contra a PEC do Voto Impresso.
Apesar de a trativa se dar na executiva nacional, Bruno e João Doria estudam medidas para reduzir o financiamento para campanhas de reeleição em 2022, uma das penalidades que deve desfavorecer a deputada Bia Cavassa (PSDB), já que Rose Modesto aguarda apenas a abertura da janela partidária em abril do ano que vem para declarar abertamente sua saída do PSDB.
Justificativas
Questionadas sobre o voto, Rose Modesto e Bia Cavassa acordam uma linha de pensamento destacando o “clamor popular” e a transparência nas urnas.
Bia Cavassa diz que não é contra o sistema eleitoral brasileiro, mas pede por mais segurança ao voto.
“Votei atendendo a um clamor popular que pede pela adoção do voto impresso. Ser favorável à PEC não significa que eu tenha dúvidas das urnas eletrônicas nem que eu desconfie do processo eleitoral, mas se podemos ter mais segurança dos votos, é ainda melhor”, finalizou.
Rose Modesto não fez rodeios e rebateu que não haverá penalidades, pois grande parte da bancada do PSDB foi a favor da PEC. “Votei a favor por entender que quanto mais transparência no processo eleitoral, melhor! Não tem essa penalidade, a maioria da bancada federal votou a favor da PEC do Voto Impresso”, disparou.
Se o PSDB nacional decida realmente aplicar penalidades aos parlamentares favoráveis à PEC, Bia Cavassa passará por maus bocados para financiar a campanha em 2022, já que cumpre o famoso mandato de “tabela” por conta da regra de proporcionalidade – após a cassação do mandato de Alcides Bernal (PP) e o afastamento da titular, Tereza Cristina (DEM), para assumir o ministério da Agricultura.
Além disso, Bia também é muito conhecida por ficar “em cima do muro” em relação às pautas governamentais, podendo ter uma possível aliança com Rose para 2022.
No caso de Rose Modesto, a penalidade não afetará muito, já que deputada federal e o irmão Rinaldo Modesto (PSDB) estão de saída do ninho tucano e já são visados por diversos partidos no Estado, sendo um deles o Podemos, no qual a parlamentar viaja por MS buscando alianças para 2022.
O estreitamento de laços de Rose Modesto com PSDB começou em 2020, quando o partido barrou a candidatura da mesma à Prefeitura de Campo Grande e apoiou veemente a reeleição de Marcos Trad (PSD).
O presidente do diretório estadual do PSDB, Sérgio de Paula afirmou que são trativas da executiva nacional e ainda não foi informado pelo presidente do partido sobre alguma penalidade aos parlamentares. “Foi uma decisão acordada com a bancada nacional e não tem um relacionamento com a bancada estadual.
Então, acredito que mesmo após a decisão contrária dos deputados, o partido não deverá penalizar os parlamentares. Ainda não houve um pronunciamento oficial da executiva nacional sobre esse assunto, creio que a trativa não foi um acordo e, sim, apenas uma orientação para que deputados se posicionassem contra”, pontou.
Sérgio falou sobre a PEC do Voto Impresso e não quis se posicionar sobre o voto favorável de Rose Modesto e Bia Cavassa. “Por mais favoráveis que tenham sido, o bom-senso venceu e pronto. Ainda bem que venceu”, completou.
A votação
Após ter sido rejeitada pela comissão especial, Arthur Lira (PP-AL) decidiu levar a pauta a Plenário para ser discutida e votada na terça-feira (10). Com 229 votos favoráveis e 218 contrários, a Proposta de Emenda à Constituição foi uma das grandes derrotas do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
Durante a sessão, o presidente da Casa de Leis, Arthur Lira (PP-AL), destacou aos parlamentares que a pauta não teria “vencedores nem vencidos”. Líder do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) também deu o “assunto por encerrado”.