
A discussão em torno do apoio do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ainda domina a agenda dos postulantes ao governo de Mato Grosso do Sul. Mas, para Eduardo Riedel, candidato do PSDB, o eleitor deve deixar isso de lado quando voltar às urnas, no dia 30 de outubro. Em entrevista ao Correio de Corumbá, o tucano afirmou que experiência e competência devem pesar mais do que alinhamento político ou partidário.
Para vencer Capitão Contar (PRTB) no segundo turno, Riedel precisa reverter o resultado do primeiro, quando ficou atrás por uma diferença de 1,5 ponto percentual. O tucano venceu Contar em Corumbá por uma diferença curta, de 367 votos. Já Ladário acompanhou o resultado estadual, com uma distância favorável ao candidato do PRTB em 213 votos.
Eduardo Riedel: À democracia. O eleitor tem todo o direito de escolher o candidato de sua preferência. No entanto, temos convicção de que, quanto mais o eleitor compara as trajetórias dos candidatos, mais nossa candidatura cresce. Por isso estamos crescendo desde o primeiro turno. O eleitor não quer saber quem é mais ou menos bolsonarista, mas quem tem condições de melhorar a sua vida, quem tem mais experiência para desenvolver o Estado, gerar emprego e renda para a população. Quanto mais o eleitor analisa isso, mais nossa candidatura cresce.
CC: O alinhamento ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno acabou balançado pela declaração feita por ele em apoio ao seu adversário. Bolsonaro recuou e acenou com a neutralidade neste segundo turno. Na sua avaliação, qual o peso desse episódio nessas eleições?
ER: Penso que o presidente fez uma declaração estratégica naquele momento, garantindo dois apoiadores no segundo turno. Posteriormente, por duas vezes, declarou sua neutralidade. Cabe ao eleitor sul-mato-grossense, agora, optar pelo candidato que possa ter mais condições técnicas para levar o Estado ao salto de desenvolvimento que ele merece e necessita.
CC: Dos candidatos no primeiro turno, três decidiram apoiar seu adversário (André Puccinelli, do MDB; Marquinhos Trad, do PSD; e Rose Modesto, ex-União Brasil) e um decidiu liberar sua militância (Giselle Marques, do PT). O único que aderiu à sua campanha foi Adonis Marcos, do Psol. Como o senhor enfrenta essas dificuldades para construir novas alianças?
ER: Não há dificuldade. Uma coisa é determinado candidato oferecer seu apoio a outro. Outra coisa é o eleitor deste candidato seguir seu exemplo. Temos conversado muito com a base, com toda a sociedade, na capital e no interior. Sentimos o apoio da população de uma forma muito clara. Vamos conversar com todos que se adequem ao nosso projeto de Mato Grosso do Sul e que queiram levar o Estado para um novo futuro.
CC: No seu plano de governo, especificamente no eixo sobre infraestrutura, saneamento e logística, o senhor propõe implantar e melhorar a infraestrutura viária na região do Pantanal. Na prática, qual sua proposta nesse segmento?
ER: Já iniciarmos um processo de liderança do desenvolvimento do Brasil. A Rota Bioceânica está aí. Nós estamos no meio da América do Sul. Seremos o centro logístico, o centro cultural, o centro para a atração de uma série de vertentes, somos o coração da América do Sul. Seremos a conexão com o Pacífico, trazendo e recebendo cultura, produtos e riquezas. Um centro que se conecta a diferentes estados brasileiros e os liga a novos mercados, seja por ferrovia, seja por estrada ou pelas nossas hidrovias. Mato Grosso do Sul é um estado que pulsa desenvolvimento. Estou muito otimista. E a região do Pantanal se integra a esta visão de futuro.
CC: Seu plano ainda sugere intensificar ações de educação ambiental e de conservação da biodiversidade dos biomas, como o Pantanal. Ao mesmo tempo, propõe promover a produção sustentável, a cultura, o turismo, a infraestrutura e a conservação do Pantanal. Qual sua proposta para aliar conservação e desenvolvimento na região?
ER: Soubemos fazer o agronegócio crescer sem deixar de lado a preservação do meio ambiente. Seremos carbono 0 até 2030, graças a um desenvolvimento agropecuário sustentável, protegendo nossos recursos hídricos e nossas reservas. Isso faz toda diferença. Preservar e produzir com responsabilidade é um dos eixos de nosso plano de governo. Queremos uma produção responsável que leve em consideração as boas práticas ambientais para que tenhamos mercados garantidos no exterior. É possível unir a agropecuária e os interesses ambientais. Nos últimos anos implementamos políticas de desenvolvimento sustentável, especialmente no que se refere a descarbonização. Para isso, promovemos a cooperação para o financiamento, incentivos, desoneração, capacitação, desenvolvimento, transferência e difusão de tecnologias e de processos. Ampliaremos estas políticas nos próximos anos. Exemplos destas ações são a produção de carne orgânica sustentável, integração Lavoura-Pecuária Floresta, programa de recuperação de solos e mananciais, crédito para FCO Verde, geração de energia limpa por meio de biogás na suinocultura, energia solar e de biomassa de cana e madeira. São programas que têm como objetivo nos colocar na dianteira da corrida pela certificação de Carbono Neutro até 2030, e que tem atraído a atenção de governos e empresas dentro e fora do país.