Regivaldo Carvalho: atleta brasilandense que encontrou a realização no MAA nos EUA

Atleta mora nos Estados Unidos e conta sua trajetória num dos esportes de maior expressividade da atualidade

Foto: Cedida

Como diz a música, “quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”. E com Regivaldo Carvalho não foi diferente. Mas o sonho de todo menino brasileiro foi apenas a porta de entrada para o mundo do esporte, onde mais tarde, o menino de infância simples em Brasilândia, conheceria uma das modalidades mais fortes do cenário mundial, o MMA.

Sua história com as lutas começou cedo, aos dez anos, por meio do karatê. Regivaldo conta que conheceu a arte marcial japonesa de uma maneira um tanto curiosa. “Eu e meus amigos sempre jogamos futebol à tarde e comecei a ver que perto das cinco da tarde, eles iam sumindo e não me falavam aonde iam. Até que um dia, resolvi seguir e de longe ouvi uns gritos. Quando cheguei na casa em que eles estavam, vi todos de quimono, treinando e aquilo me deixou fascinado, não era comum em Brasilândia. Foi nesse dia que comecei a treinar”, relembra.

E desde pequeno, Regivaldo correu atrás de seu sonho, mesmo contra a vontade da mãe. “Minha mãe não gostava, então eu falava que ia pra casa do meu pai e pra ele, dizia que minha mãe tinha deixado. Às vezes, ela me deixava trancado pra eu não sair, mas eu nunca aceitei muitos nãos e sempre dava meu jeito para treinar”.

Mesmo antes de pisar pela primeira vez em um octógono, Regivaldo já era um lutador. Mesmo com uma vida simples, o atleta conta que foi uma criança feliz e que sempre correu atrás do que queria.

“Sempre que eu queria comprar algo para mim, pedia à minha mãe que fizesse salgados para que eu vendesse. Meu pai sempre me incentivou a ter meu próprio negócio e quando ele estava na cidade, ele comprava materiais e eu fazia pipas para vender nos mercados da cidade”. E com o exemplo da mãe, funcionária pública e do pai, trabalhador da indústria de celulose, Regivaldo aprendeu cedo a se virar e amadureceu rápido.

Sempre com seu sonho em mente, saiu de casa aos 18 anos, para treinar MMA em Curitiba. O atleta conta que foram tempos difíceis, de muita superação. “Sem ninguém saber, morei na rua por 38 dias, enquanto treinava e lutava por minhas conquistas”.

Duas vezes campeão brasileiro de karatê de contato, Regivaldo saiu do Brasil pela primeira vez com 20 anos e pode conhecer uma realidade muito diferente da que vivia. “Aqui vi que as pessoas têm mais oportunidade, que podiam comer bem e eu sei que no Brasil, uma das maiores dificuldades é ter uma alimentação de qualidade”.

Superação e conquistas – Mesmo com uma lesão na clavícula aos 23 anos e tendo que ficar três anos sem competir, Regivaldo que o impediu de competir não se abateu nem deixou a tristeza tomar conta. “Hoje, olho para trás e vejo que todas as minhas conquistas foram grandes, saindo de onde eu vim, hoje lutando em eventos mundiais. O esporte mudou a minha vida e me permitiu realizar todos os meus sonhos”, comemora.

Regivaldo chegou a uma das maiores competições do mundo dentro da sua modalidade, o Bellator MMA, onde só competem atletas de alto nível. Hoje, morando nos Estados Unidos, consegue conciliar a rotina de treinos com o trabalho em sua empresa e diz não sentir a pressão do esporte.

“Como eu competi muito, com o tempo a gente aprende a ter controle sobre as emoções. Eu falo muito comigo mesmo, lido muito bem com pressão e, além da minha experiência, também posso contar com a experiência dos atletas de alto nível que são do meu convívio e treinam comigo”, explica.

Pandemia – A pandemia mudou a rotina do mundo e dos esportes. Regivaldo conta que foi complicado, não só adaptar a rotina de treinos, mas também porque ele, assim como muitos atletas, esperava competições que não aconteceram.

“Foi um desafio se adaptar aos treinos apenas individuais, mas como o MMA é muito forte nos Estados Unidos, aos poucos as coisas aqui estão voltando a normalidade e as competições também.

Com uma luta ainda a ser confirmada para esse ano, que foi adiada em virtude de uma lesão sofrida pelo adversário, Regivaldo conta um pouco do seu ritual antes de entrar no octógono. “Sempre oro antes de sair do hotel, pedindo proteção para mim e para o outro atleta, peço a Deus para que nenhum de nós sofra lesões graves, e que ao final do combate, a gente possa ir pra casa em segurança, pois esse é um trabalho de muito risco”, explica.

Sobre os planos para o futuro, Regivaldo diz que deseja permanecer com o foco no presente, seguindo um passo de cada vez. E para os jovens, deixa o recado: “O maior ladrão de sonhos é o medo. Deus nunca dá um fardo maior do que a gente pode carregar a às vezes, a pessoa tenta uma, duas, três vezes e desiste, mas a vitória dela estava na mais a frente, na quinta tentativa. Então, coloque Deus na frente que ele nunca vai de abandonar”.