
O Projeto de Lei que regulamenta a profissão de Doula foi votado no Senado, no último dia 16. O texto, de autoria da senadora Mailza Gomes (PP-AC), foi aprovado com mudanças feitas pela relatora, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e aguarda análise da Câmara dos Deputados.
Segundo o texto da PL 3.946/2021, doula é a profissional que oferece apoio físico, informacional e emocional à pessoa durante a gravidez e, especialmente, durante o parto, buscando a melhor evolução desse processo e o bem-estar da gestante, parturiente e puérpera (mulher no período pós-parto).
Diante da iminente regulamentação da profissão e do crescente debate sobre violência obstétrica, o Jornal Cidadão MS conversou com Micaely Amorin de Assis Hadas, Doula e Enfermeira pós-graduanda em ginecologia e obstetrícia, que falou sobre o papel da doula e o trabalho que realizam.
Segundo Micaely, a profissão de Doula existe desde a idade média e seu trabalho consiste em auxiliar no preparo emocional e físico da gestante durante toda a gravidez. Ela explica que o preparo é realizado por meio de diversas atividades, como massagens, exercícios e movimentos que trabalham a parte física e auxilia no controle emocional.
Entre as principais vantagens em receber o acompanhamento de uma doula, Micaely destaca a possibilidade de ter um trabalho de parto em menos tempo, com menos dor, o que proporciona uma melhor experiência de gestação e parto, diminuindo o risco de depressão pós-parto. A profissional pontuou ainda, os benefícios para o nenê, que vão apresentar menos dificuldades respiratórias e terão a chance de iniciar a amamentação de imediato.
A Doula, que atua em Três Lagoas é uma estudiosa e amante da profissão, explica que, mesmo com a profissão sendo inserida no caderno de assistência às boas práticas ao parto e o incentivo da UNICEF desde 2007, conta que ainda é comum enfrentar o preconceito de outras áreas. “Infelizmente as doulas ainda não recebem o apoio de alguns profissionais da área. O medo do novo pode assustar um pouco e o desconhecido faz com que busquem proteção e resistência”, comenta.
Para ela, os trabalhos se somam. “Nós, doulas, viemos para acrescentar apoio, suporte emocional e físico à mulher. Meu respeito e reconhecimento a todos os profissionais, pois eles são essenciais para o atendimento em todo o período gestacional, trabalho de parto e parto. Se fizermos um trabalho em equipe, as gestantes, os bebês e seus familiares só tendem a ganhar e todos em sua volta, inclusive a saúde pública”, pontua.
Perguntada se o trabalho das doulas é como um resgate das parteiras, Micaely defende que sim. “Sem sombra de dúvida, além de resgatar, insere para a nova sociedade moderna, o respeito, amor e naturalidade que os partos também podem ser” disse. Sobre os partos domiciliares, a doula é a favor, desde que haja uma equipe com enfermeira obstetra, parteira, neonatologista e plano de parto. “ A conexão, entrega e o respeito com aquela família e aquele bebê que estava nascendo é surreal, me emociono só de lembrar. O vínculo mãe e filho na primeira hora de vida é apaixonante e de um amor extremo. É uma dádiva de Deus, um encontro de almas”, disse ao comentar sobre o parto domiciliar que presenciou como como doula backup.
Além dos benefícios para as gestantes, Micaely explica que os benefícios se estendem aos bebês, que incluem maturidade pulmonar, diminuição do risco de internação neonatal e facilitar o processo de aleitamento.