Politicando, Marquinhos Trad enfrenta ameaça de greve na Capital e quer ensinar gestão no interior

Em um evento mal organizado, com quase uma hora de atraso e um cerimonial que pouco sabia sobre as autoridades locais, Marquinhos Trad, atual prefeito de Campo Grande e candidato ao Governo do Estado, participou do “Encontro regional do PSD” em Três Lagoas, deixando claro que se pretende conduzir o Estado de Mato Grosso do Sul vai precisar investir, e muito, em assessoramento até para as tarefas mais simples, como visitas técnicas ou reuniões políticas no interior do Estado.

Realizado na manhã deste sábado (19), o encontro atraiu políticos do partido e simpatizantes de Trad, como é o caso do vereador “tucano” André Bitencourt (PSDB), presente com toda a sua assessoria, e que foi o anfitrião da solenidade. Dando início a fala das autoridades, explanou sobre a importância de receber o prefeito da capital e ouvir suas experiencias a frente da maior cidade de MS.

Em pouco menos de 40 minutos de “palestra”, quem esperava conteúdo do gestor da capital sobre administração pública, saiu conhecendo as convicções religiosas e vivencias políticas com atuais opositores na disputa pelo governo, confirmando seu rompimento com o governador Reinaldo Azambuja.

Após um grande movimento de professores da Reme (Rede Municipal de Ensino) de Campo Grande, que saíram em protesto nas ruas da Capital nesta sexta-feira (18), cobrando do município reajuste previsto em lei, e com problemas econômicos na prefeitura (com dívida com órgãos federais), o prefeito Marquinhos Trad (PSD) estará em Três Lagoas, no sábado (19) para ministrar uma palestra chamada de ‘Apresentação do modelo de gestão da prefeitura de Campo Grande’.

“Fizemos todos os cálculos e foi o que foi possível propor (os 10%), que é a reposição da inflação”, disse Marquinhos ao receber uma comitiva de professores que caminhou por várias ruas do centro da Capital acompanhada por um carro de som até chegar ao Paço Municipal. “Nós seguimos lutando pelo cumprimento da Lei do Piso 20h na Reme. Nesse sentido, a categoria entende que a nossa mobilização já está surtindo efeito, uma vez que a prefeitura deixa de falar em abono e apresenta proposta considerando a Lei Municipal n.5411/2014. Mas, nossa luta é pela integralização do piso, por isso cobramos que a correção do piso nacional 2022 seja aplicada ainda neste ano. Seguimos em união e mobilização. A categoria exige respeito e valorização”, disse Lucílio Nobre, presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública).

Agentes de saúde e guardas municipais também já se manifestaram contra o que classificaram de ‘desvalorização dos servidores públicos’. Eles reclamam de promessas não cumpridas pelo prefeito Marquinhos Trad.

A Prefeitura de Campo Grande também está negativada no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal) e não comprovou aplicação mínima de 25% do orçamento em educação, o que pode trazer sérios problemas para Marquinhos, como ações por improbidade que podem levar à inelegibilidade.

Trad chega a um dos municípios de Mato Grosso do Sul com melhor avaliação do trabalho do gestor. Ângelo Guerreiro (PSDB) está entre os prefeitos com maior aprovação da população, enquanto Marquinhos ainda enfrenta problemas como anúncio tardio da suspensão das aulas da rede municipal, deixando milhares de pais e responsáveis na mão, e reclamações sobre a péssima qualidade do serviço de transporte coletivo urbano da Capital (promessa de campanha do prefeito que nunca chegou a sair do papel). E ainda frequentes atrasos nos repasses de recursos da Saúde para hospitais que atendem pelo SUS.