Número de animais silvestres resgatados em cidades de Mato Grosso do Sul cresce

Só em janeiro, foram capturados 302 animais silvestres no ambiente urbano. Em todo o ano passado, foram mais de 2.200, uma média de seis animais por dia. O número é 28% maior que o registrado em 2019.

Moradores de MS têm recebido cada vez mais visitas de animais silvestres. Foto: Reprodução/ Jornal Nacional

Moradores de cidades de Mato Grosso do Sul têm recebido visitas cada vez mais inesperadas.

O tamanduá-mirim resolveu se esconder entre o chassi e o tanque de combustível do caminhão. O motorista viu o animal antes de pegar a estrada e acionou a Polícia Militar Ambiental, que resgatou o bichinho sem nenhum ferimento.

Já outra espécie de tamanduá, o bandeira, bem maior, entrou na casa da autônoma Alzira Pereira sem ser convidado. “Para mim foi muito assustador, ver aquelas garras dele bem afiadas. Ele começou a derrubar tudo, queria subir nas paredes”, conta ela. O animal ficou preso na estante e deu trabalho aos policiais.

Em outro caso, uma anta entrou na piscina e não conseguiu sair sozinha. Já o lobo-guará, acuado, foi buscar refúgio na garagem de uma casa. Cenas como essas são cada vez mais comuns nas cidades de Mato Grosso do Sul.

Só em janeiro, foram capturados 302 animais silvestres no ambiente urbano. Em todo o ano passado, foram mais de 2.200, uma média de seis animais por dia. O número é 28% maior que o registrado em 2019.

“Acreditamos que essa invasão de animais silvestres seja devido às grandes queimadas que tivemos em 2020, e também os desmatamentos. Com isso os animais saem de seus habitats naturais e procuram refúgios nos centros urbanos, seja para tentar comida, seja porque seu habitat natural foi destruído”, afirma o tenente-coronel José Carlos Rodrigues, comandante do Batalhão da Polícia Militar Ambiental.

Além de estar em um ambiente totalmente diferente, muitos animais acabam se machucando ao entrar em uma área urbana, por isso a maioria capturada é levada para um centro de reabilitação, referência no estado. No local, os animais são submetidos a vários exames. Os que necessitam de cuidados acabam ficando por algum tempo até poderem voltar à natureza, como é o caso de um lobinho.

Ele foi capturado na porta de um hospital da capital com a perninha machucada. Os filhotinhos de jaguatirica também foram resgatados no quintal de uma casa e devem ser soltos só daqui a um ano.

“Nós conseguimos devolver à natureza cerca de 80% das espécies que chegam até nós, dentre eles aves e mamíferos. É um sentimento de dever cumprido. De estar colaborando com a mãe natureza. Então, isso para mim não tem valor. Isso para mim é magnífico. Por isso que faço isso de coração”, festeja o veterinário Lucas Cazati.