“Não há democracia sem igualdade de direitos entre homens e mulheres”

Em depoimento exclusivo ao Grupo Perfil Brasil, no mês das Mulheres, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, relembra sua trajetória na política e os desafios que foram vencidos pra o fortalecimento do processo democrático.

Foto: Miguel Schincariol / AFP

“Eu nasci dentro da política e cresci ouvindo conversas sobre os rumos da minha cidade. Aos cinco anos, eu já ficava acompanhando meu pai conversar com as pessoas e com outros políticos. Com o tempo, passei a entender que ali se discutiam as políticas públicas de educação, saúde, moradia, assistência social e tantas outras que impactam diretamente a vida da população. Embora fosse um ambiente masculino, foi meu pai, Ramez Tebet, o primeiro a me mostrar que lugar de mulher é onde ela quiser. Em busca do meu lugar e inspirada por tantas brasileiras que revolucionaram a ciência, as artes, os costumes e as leis, como Bertha Lutz, Nísia Floresta, Pagu e Rose Marie Muraro, tive que “empurrar a porta” muitas e muitas vezes.

Fui eleita deputada estadual, primeira prefeita de Três lagoas-MS, depois reeleita, primeira vice-governadora, senadora e, no ano passado, fui candidata à Presidência da República. Hoje sou ministra do Planejamento e Orçamento no governo do presidente Lula.

Ainda somos poucas na política, mas conquistamos avanços. Na Assembleia Constituinte de 1987, um grupo de apenas 26 mulheres (5%) assegurou conquistas importantes, como a garantia de que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Hoje, 91 mulheres são deputadas federais.

Ao longo dos anos, a batalha do dia a dia no Legislativo e a mobilização das mulheres garantiram leis que ajudaram a reforçar a presença feminina na política. Também avançamos no combate à violência contra a mulher, cujos marcos são a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio. Por isso, somos imprescindíveis na política. Uma das nossas próximas batalhas é garantir igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função. Aqui no Ministério estamos formando uma equipe paritária no gabinete e institutos vinculados. Não há democracia sem igualdade de direitos entre homens e mulheres.”