Mulher que matou padrasto suspeito de abuso segue presa e vai responder por assassinato

Vítima foi morto à facadas e investigada afirmou que estava cansada de ser abusada constantemente por ele

Mulher que matou padrasto suspeito de abuso segue presa e vai responder por assassinato - Divulgação

Karolina Camargo da Silva, de 37 anos, acusada de matar o padrasto Sebastião Raimundo de Souza, de 65 anos, foi denunciada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul. A mulher alega que esfaqueou o homem por legítima defesa porque era constantemente abusada por ele.

O crime aconteceu dia 18 deste mês e, de acordo com o MPMS, a investigada desferiu golpes de faca contra a vítima no momento em que discutiam por causa da chave do portão que separa a casa dela e da mãe, que morava com Sebastião, no mesmo terreno.

Ainda de acordo com a denúncia, a vítima foi surpreendida pela vítima quando estava saindo do banho e se recusou a lhe entregar a chave. Em audiência de custódia, a mulher conta que, desde que se recusou a ter relações sexuais com o padrasto, o portão, que é baixo, ficava trancado e ela era obrigada a pular caso quisesse sair ou entrar na residência.

Ela ainda afirmou que descobriu que está grávida recentemente e neste dia estava com dor e, por isso, não podia fazer esforço para pular para o outro lado. Ela temia que a dor fosse causada por algo relacionado ao bebê que está esperando, mas não tinha certeza porque, até então, não teria ido ao médico.

A denúncia diz que o crime foi cometido por motivo torpe, que seria a recusa em entregar a chave do portão, contudo, a ré afirmou que estava passando por uma situação de abuso constante pelo padrasto e o esfaqueou porque foi tomada pela raiva de ser agredida.

De acordo com o relato de Karoline, para que vivesse na casa situada nos fundos do quintal de sua mãe, ela teria que se relacionar de forma paralela com Sebastião. Ainda conforme a investigada, ela se submeteu à essa circunstância porque o padrasto ameaçava matar o marido de Karoline e terminar o casamento com sua mãe.

A mulher ainda contou que Sebastião também teria molestado sua filha de dois anos, sendo que dos três mais velhos, é apenas ela que vive com a mãe, que inclusive não queria deixar que a filha fosse morar em outro local se levasse a criança.

Karoline destacou que reclamou dessas condições com a mãe diversas vezes, mas não surtia efeito porque, a mulher dizia que tudo iria melhorar quando ela tivesse dinheiro, proveniente da aposentadoria de Sebastião, para fazer um trabalho espiritual e a vítima deixasse de ser obcecada pela enteada.

Além de ter que se relacionar com o homem, Karoline ainda era ameaçada para que deixasse Sebastião assediá-la, o que acontecia com frequência, sempre sob ameaça de que o homem mataria o companheiro da acusada.

No dia do crime, após discutirem, ambos partiram para agressões físicas, até que Karoline foi à cozinha da casa da mãe, pegou uma faca e desferiu golpes na vítima, que tentava violentá-la com socos e tapas.

“Minha intenção era dar um susto nele, mostrar que eu não era fraca. Eu estava cansada de ser abusada por ele. Eu fui abusada quase a vida toda. Eu sentia raiva e nojo de tudo que ele fazia”, desabafou.

A acusada concluiu o depoimento pontuando que o companheiro, com quem vivia há cinco anos e é pai dos seus dois últimos filhos, não sabia da situação, que era mantida em segredo entre ela, a mãe, que ficava omissa, mas incentivava a filha a continuar naquela condição porque dizia amar a vítima, e o próprio Sebastião.

A mulher que, até então, estava presa preventivamente, irá continuar no presídio para responder o processo privada de sua liberdade.