
Estudo elaborado pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística) do governo federal aponta que Mato Grosso do Sul precisa investir R$ 50 bilhões para remanejar o tráfego do escoamento de grãos, minério e celulose para hidrovias e ferrovias. Hoje, o principal modal no Estado são as rodovias, que concentram 80% desse tráfego.
Conforme o estudo, a mudança poderia gerar redução de 26% no custo com transporte. “Os caminhões percorrendo longas distâncias o efeito disso é a elevação do custo de produto. Este é um gargalo em logística. O produto sai de alguma forma, mas com o custo elevado”, explicou o secretário de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck.
Já nas rodovias federais o principal gargalo demonstrado no estudo foi a rodovia BR-262. Desde o ano passado, houve um aumento significativo de carga, principalmente após o problema na hidrovia com a estiagem e a entrada do minério nessa rodovia, saindo de Corumbá. “O aumento expressivo no fluxo de caminhões na BR é o principal gargalo. Nós temos elevado nível de acidentes, deterioração da pista na BR, além da passagem pelas cidades”. Acrescentou o secretário.
Para reorganizar as rodovias, o estudo apontou necessidade de investimento de R$ 18,10 bilhões em 103 projetos rodoviários, totalizando 5.800 km.
Ferrovias e a Nova Ferroeste
Diante da situação das rodovias e a dependência do Estado, o secretário salienta que o Estado está propondo a médio e longo prazo os projetos de ferrovia com a Nova Ferroeste, que deve ser licitada já neste ano e a relicitação da Malha Oeste também ainda em 2022. “Nossa meta é mudar o perfil, sair de 80% da rodovia para 50%; e os 50% restantes entre a ferrovia e hidrovia, que vai ter uma capacidade de expansão relativamente pequena por causa do clima. Mesmo assim estamos focando nestes dois modais”, frisou Verruck.
Atualmente, segundo o titular da Semagro todo o transporte pela ferrovia de Mato Grosso do Sul não passa de 2%. “Nós esperamos que até o próximo ano seja licitado a nova Ferroeste, licitada a Malha Oeste também. Lembrando que o período de construção é realmente longo no caso de ferrovias, isso não é de curto prazo. Nós teremos um período aí de 5 anos para que efetivamente essas ferrovias comecem a fazer operação”, destacou.
Hidrovias dependem de dragagem no Rio Paraguai
A malha atual da hidrovia em Mato Grosso do Sul (que compreende os rios Paraná e Paraguai) é de mais de 1.100 km, por onde são transportadas cerca de 3,8 milhões de toneladas/ano de mercadorias (2019). A meta do estudo é que este modal seja viabilizado apesar da restrição por conta do clima e da estiagem que mantém parte do trecho sem navegação em épocas de seca. A hidrovia demandará investimento de quase R$ 800 milhões por parte do Governo nos próximos anos.
“Nós temos três pontos críticos que vão de Porto Murtinho até Corumbá. Nestes locais mesmo em funcionamento normal, as barcaças têm que ser desconectadas para que se faça as curvas”, esclareceu Verruck. Esse processo atrasa a viagem e é bastante complexo.
“Existe um pedido de licenciamento junto ao Ibama que autoriza a dragagem nesses três pontos e no ano passado o governador Reinaldo falou que nós estamos dispostos a pagar”, enfatizou lembrando que o investimento seria da ordem de R$ 15 milhões na época, reforçando que o pedido está parado no Ibama, já que existe processo no MPF (Ministério Público Federal).