Militância negra de Mato Grosso do Sul lamenta a morte de Amarildo Cruz

Deputado é autor da lei de cotas para ingresso de negros e indígenas em cargos públicos no Estado

Deputado Amarildo Cruz na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul - Foto: Wagner Guimarães / ALEMS

Figura ativa na militância negra de Mato Grosso do Sul, o deputado estadual Amarildo Cruz (PT), era pivô importante na conquista por direitos raciais no Estado.

Amarildo que estava internado no hospital Proncor, em Campo Grande, faleceu na tarde desta sexta-feira (17) após a terceira parada cardíaca.

O Grupo Trabalho e Estudos Zumbi (Grupo TEZ), primeiro movimento negro de Mato Grosso do Sul, organização no qual o deputado participava ativamente, lamentou a morte do parlamentar.

“A vida é um sopro e ele foi parte importante da nossa história. Através da política sempre fortaleceu e defendeu os direitos da população negra de MS. Que descanse em paz”, divulgou a organização nas redes sociais.

A presidente do Grupo TEZ, Bartolina Ramalho, informou que estava sendo preparado uma comemoração de 38 anos do grupo, mas que o evento foi cancelado.

“Nós estamos com tudo pronto para celebrar o aniversário do Grupo TEZ, mas estamos tomando a decisão de cancelar todas as atividades previstas em decorrência do nosso querido deputado. Não temos clima para continuar com a programação”, lamentou.

O companheiro de partido, deputado federal Vander Loubet também falou sobre a perda.

“É uma grande perda. Uma partida prematura, sem dúvida, não só porque tudo aconteceu muito rápido, de terça-feira para cá, mas principalmente porque o Amarildo era uma figura com disposição de sobra para trabalhar pelo Mato Grosso do Sul e pelas nobres pautas que defendia como cidadão e político”, explicou Loubet.

Carreira e militância  

Militante da luta antirracista, Amarildo Cruz já apresentou inúmeros projetos durante a sua carreira política na Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul em prol das minorias sociais.

Em 2018, o deputado contribuiu para a implementação da lei de cotas para negros e indígenas em vagas oferecidas em todos os concursos para provimento de cargos públicos do Estado.

“As cotas oportunizam o país a se retratar da desigualdade, enquanto for necessário, porque sabemos que não precisa ser para sempre. Antes dessa lei, o percentual de negros no serviço público em Mato Grosso do Sul era de apenas 2%. Hoje, o percentual saltou para 11%”, explicou o deputado na ocasião.

Além da lei de cotas, Amarildo Cruz é autor da lei nº 5.206/2018, que instituiu o Dia do Orgulho Crespo no calendário cívico e cultural do Estado e da Lei 5.216/2018, que criou o Cadastro Estadual dos Condenados por Racismo ou Injúria.