O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, afirmou ser injusta e “indefensável” a distribuição de doses da vacina da Janssen para municípios de fronteira de Mato Grosso do Sul e não para a Capital.
Na avaliação do prefeito, o justo seria que as doses fossem distribuídas proporcionalmente a todos os 79 municípios do Estado.
As doses serão enviadas pelo Ministério da Saúde para um estudo pioneiro nos 13 municípios de fronteira do Estado. O objetivo é imunizar toda a população acima de 18 anos para desafogar os leitos dos hospitais da região.
Para Marquinhos, não é o momento de se fazer um estudo, pois faltam vacinas em todo o Brasil.
“Se estivéssemos no número de vacinas suficientes e uma sobra, aí você poderia fazer a pesquisa e o estudo que você quisesse fazer”, disse.
“A cidade [Campo Grande] está com 77 pontos fechados, o ginásio Guanandizão fechado e os drive-thrus fechados porque não tem vacina. Em paralelo a isso, cidades de fronteira estão recebendo 130 mil doses da Janssen para fazer um estudo e uma pesquisa que vai ser concluída daqui 10 anos”, acrescentou.
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O prefeito ressaltou que não há nada contra as cidades do interior e que se as doses fossem distribuídas na equivalência percentual, como vem sendo feito, os 13 municípios também seriam contemplados.
“Então aos olhos humanos é algo indefensável”, concluiu.
O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, também afirmou que o ideal seria que as doses fossem para as macrorregiões, como Campo Grande, Dourados e Três Lagoas, que recebem pacientes de outras cidades do entorno.
“Eu creio que, estrategicamente no combate à doença, a gente poderia utilizar isso de outra forma, como por exemplo baixando em torno de dez anos a faixa etária de todas essas cidades”, disse.
Como os municípios de fronteira receberão quantitativo para imunizar toda a população a partir de 18 anos, nas próximas remessas enviadas pelo Ministério da Saúde, elas ficarão de fora da distribuição de vacinas.
Estudo na fronteira
O lote extra com vacinas da Janssen solicitado pela Secretaria Estadual de Saúde deve chegar nesta semana a Mato Grosso do Sul.
O estudo será comandado pelo infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Júlio Croda.
A expectativa é imunizar toda a população acima de 18 anos em 13 municípios de fronteira do Estado.
Os 13 municípios fronteiriços são: Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Caracol, Bela Vista, Antônio João, Ponta Porã, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Paranhos, Sete Quedas, Japorã e Mundo Novo.
Mato Grosso do Sul pleitou, no início do mês de junho, 1,8 milhão de doses da Janssen para realizar um estudo e vacinar toda a população do Estado. O ministro Queiroga negou a solicitação e disse que a distribuição das doses já havia sido feita.
O Estado, no entanto, não desistiu e pediu os 5% do fundo de reserva das vacinas para a imunização da fronteira, que é o que será enviado.
Conforme disse Croda anteriormente ao Correio do Estado, análises serão feitas após 14 dias da imunização.
“Após 14 dias, vamos checar como a imunidade de rebanho vai atuar em relação às crianças, que não receberão essa vacina. Comparar também com quem recebeu outros imunizantes”, afirmou.
