
A Polícia Federal (PF) de Guarulhos (SP) cumpriu mandados em Três Lagoas (MS) na manhã de ontem (21) buscando provas de que empresas que atuam no município fizeram uso de recursos destinados à compra de máscaras, desviando finalidade e aponta que os suspeitos cometeram corrupção.
A operação “Covil-19” esmiúça contratos firmados durante a pandemia de Covid-19 em 2020. “A operação é referente a compras da Prefeitura de Guarulhos em 2020. As buscas foram a pessoas possivelmente envolvidas que estão na cidade, não tendo nenhuma ligação com a Prefeitura de Três Lagoas”, comunicou a prefeitura da cidade.
Os crimes apurados são de fraudes em licitação com dispensa irregular, associação criminosa, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. Uma microempresa mineira, que atua na cidade sul-mato-grossense teria sido beneficiada em contrato bem superior a sua capacidade econômica.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Polícia Federal de Três Lagoas que disse não estar sabendo da ação e pediu para a equipe contatar a assessoria da PF em Guarulhos. O MS Notícias, porém, não foi atendido ao telefone nas diversas tentativas nesta manhã.
VALOR MILIONÁRIO – Os 6 contratos contestados pela PF somam R$ 53 milhões pagos com dinheiro público.
Os suspeitos aproveitaram o caráter de urgência da situação para dispensar a licitação, direcionar a escolha das empresas e assim superfaturar os serviços, diz a PF.
SÃO PAULO – Em coletiva de imprensa nesta manhã, os delegados Márcio Magno Carvalho Xavier e Fabricio Alonso Martinez Della Paschoa detalharam que o alvo da operação realizada em Três Lagoas apura irregularidades durante montagem e funcionamento do hospital de campanha instalado em Guarulhos, em março de 2020.
Todos os 6 contratos tinham sinais de fraude, diz a PF paulista.
Entre as empresas contratadas, a PF diz que havia entidades fantasmas e até contratadas sem capacidade técnica para executar os serviços; A polícia, diz ainda, que identificou empresários que foram convidados a participar da montagem do hospital e superfaturamento de alguns serviços.
A PF detonou a operação para cumprir 21 mandados de busca e apreensão contra os envolvidos no esquema. As cidades paulistas de Artur Nogueira, Campinas, Guarulhos, Monte Mor, São Caetano do Sul, São Paulo e Teófilo Otoni (MG).
Foram apreendidos documentos, veículos e aparelhos eletrônicos. Não houve prisão, no entanto, medidas cautelares foram aplicadas: as empresas estão proibidas de firmarem contrato com a administração pública e os investigados de saírem do país. A Polícia Federal não especificou qual era a participação do investigado sul-mato-grossense.
OPERAÇÕES NA PANDEMIA – A Polícia Federal diz que ultrapassou na última semana a marca de 100 operações de repressão ao desvio e utilização indevida de verbas públicas federais destinadas ao combate à pandemia de Covid-19. Até o dia 13 de julho, o total de operações chegou a 102 e os valores chegaram a quase R$ 190 milhões.
A PF informou ontem (20.jul) que, desde abril do ano passado, já cumpriu 158 mandados de prisão temporária, 17 de prisão preventiva e 1.536 de busca e apreensão em 205 municípios de 26 unidades da federação. O montante de contratos de produtos e serviços investigados atingiu cerca de R$ 3,2 bilhões.
SUPERFATURAMENTO – Deflagrada em abril de 2020 na Paraíba, a Operação Alquimia foi a primeira ação para apurar suspeita em contrato. De lá para cá, o Amapá é o estado com o maior número de operações, 11 no total, seguido por Maranhão (10), Pernambuco (8), Sergipe (8), Rio de Janeiro (7), São Paulo (6), Piauí (6), Pará (6), Amazonas (4) e Rondônia (4).
Sobre o montante de contratos investigados, o Pará lidera com R$ 1,4 bilhão. Em seguida, aparecem o Rio de Janeiro (R$ 850 milhões), Pernambuco (R$ 198 milhões), São Paulo (R$ 118 milhões), Minas Gerais (R$ 102 milhões), Rondônia (R$ 92 milhões) e Piauí (R$ 82 milhões).