Eleições Municipais e Meio Ambiente

Em meio a fumaça das queimadas e o gemido de animais silvestres esturricados, as eleições municipais ascendem sobre as comunidades com o costumeiro descrédito à política. E uma a uma, aos poucos, sucumbem aos encantos e retórica dos candidatos.

A lembrança de antigas eleições, campeões de votos e coligações homéricas que modificaram resultados num verdadeiro sobe e desce de candidatos eleitos e não eleitos ao final dos escrutínios, o que causava desespero para uns e alegria para outros concorrentes, esse tempo ficou para trás.

Com a modernidade vigente, o avanço tecnológico e o predomínio da informação que se vale desde as redes sociais aos telejornais e mídias especializadas em noticias 24 horas por dia até os grupos de whatsapp e mensagens que atingem diretamente olhos e ouvidos dos eleitores, esta realidade mudou.

E isso fez com que as eleições municipais deste ano passasse a exigir dos candidatos devendo inserir em suas pautas e planos de governos questões até então desprezadas pela maioria dos concorrentes, vez que o pleito revestiu-se ao longo dos anos do famoso populismo e do toma lá dá cá que sempre caracterizou as eleições Brasil afora.

A questão do meio ambiente, entretanto, é um dos temas que o tempo que se chama hoje exige seja colocado na pauta diárias da política de Norte a Sul. No entendimento global, esse será o tema que fará a diferença entre os candidatos, seja do Executivo, seja do Legislativo, também em nivel municipal. Isso porque, aliás, é no município onde tudo acontece.

Tema que dificilmente é lembrado pelos governantes quando estão no poder, a questão do meio ambiente hoje é item de pauta obrigatória no planejamento urbano e rural. E é neste momento eleitoral que o eleitor deve estar atento, no momento da construção dos planos de governos e na hora de votar. Em que pese alguém possa dizer que o papel aceita tudo, um documento assinado é sempre uma forma de compromisso e prova de que o governante ou legislador deixou de cumprir o que disse.

Aqui em Brasilândia, o número de candidatos neste ano deverá ser grande e bastante diversificado. Dos mais variados níveis de escolaridade e classes sociais, o pleito na Cidade Esperança promete ser democrático dando oportunidade para todos que se propõem a tornarem-se servidores públicos através do voto.

E isso é uma demonstração de engajamento e consciência de alguns cidadãos que decidem lançar seus nomes à apreciação pública como candidatos em nome de um ideal maior, coletivo, comunitário, social, e político. O que é elogiável e merece o aplauso de todos. Embora haja quem duvide que o interesse maior seja este.

Isso porque não basta querer ser candidato. É preciso convencer o leitor de que ele é o mais indicado para gerir, em nome do povo, os bens e o patrimônio da municipalidade. Esse é o desafio posto aos agentes políticos e públicos nos dias atuais em nível nacional se apresentam envoltos em tantas falcatruas.

A fumaça sufoca a todos, fruto dos incêndios cada vez mais frequentes, com perdas irreparáveis tanto para a flora como para a fauna e a população humana do entorno permanentemente em risco, vez que rodeada por um temerário maciço florestal, verdadeiro cinturão de pólvora que adorna o perímetro urbano da cidade.

Impossível um candidato a Prefeito ou a Vereador deixar de fazer constar no seu Plano de Governo ou Proposições Legislativas projetos e iniciativas que enfrentem o problema da biosegurança ambiental e o socorro ao ambiente ecológico do município.

Concurso público para o preenchimento da vaga para biólogo, por exemplo, é um dos imperativos para o planejamento das ações ambientais no município, razão pela qual deve constar no programa de governo do candidato.

Atualização da legislação municipal que garanta em lei um distanciamento mínimo do perímetro urbano e núcleos habitados para o plantio de eucalipto no entorno da cidade, é outro reclamo popular que deve ser cobrado pela população aos candidatos.

Da mesma forma deve ser cobrado das empresas de celulose proprietárias e arrendatárias de áreas com plantio de eucalito para que invistam recursos financeiros na criação e treinamento de brigadas antiincêndio, aquisição de EPI e equipamentos de combate a icêndio, capacitação da Defesa Civil no município, entre outras iniciativas.

O meio ambiente não suporta mais tanta degradação. E o cidadão ciente dos efeitos deletérios dos incêndios, da ausência de aceiros, do desrespeito à faixa de mata ciliar, da poluição das nascentes e micro bacias, e o desmatamento desenfreado, exige um Plano Ambiental Sustentável Participativo para o município.

Portanto, quando o candidato, a Prefeito ou a Vereador for a sua casa, entre outros temas de seu interesse, pergunte para ele qual é sua proposta para o Meio Ambiente. Grave com o celular suas palavras e compromisso, se assim achar necessário. A natureza, os demais cidadãos e seus filhos e netos irão agradecer.

 

Por Carlos Alberto dos Santos Dutra – Professor Mestre em História pela UFMS