O jornalista revelou ter sustentado na sexta à corregedoria “o que estava no boletim de ocorrência para formulação da denúncia”. Depois da agressão, foi à delegacia da Polícia Civil.
Ou seja, as duas polícias, militar e civil, já estariam investigando o caso.
A reportagem tentou na tarde deste domingo conversar com o chefe da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), Antônio Carlos Videira, mas até o fechamento deste material, ainda não tinha conseguido. Assim que ele se manifestar, a reportagem será atualizada.
O ATAQUE
Na sexta, Sandro guiava seu carro no centro de Nova Andradina e retornou para a casa ao notar que era sondado por dois veículos que o seguiam.
Assim que desceu do veículo, abriu o portão, e entrou. No entanto, logo atrás dele também entrou os supostos policiais que o dominaram e o derrubaram no chão, já na calçada.
“Não tinha ideia do que se tratava [perseguição]. Desci do carro e logo que abri o portão fui dominado. Ali percebi que um dos homens era policial e eu o conhecia”, narrou Sandro.
Já caído no chão, contido por um suposto policial que o aplicou um golpe no pescoço, os homens que seriam policiais questionaram: “cadê os rojões, cadê os rojões” e, depois, quiseram conduzi-lo até a delegacia, pois o “delegado” teria algo contra o jornalista. Toda a cena foi captada por uma câmera de segurança instalada em frente à casa do jornalista.
Os rojões os quais os supostos policiais à paisana estariam atrás tem a ver, segundo o jornalista, com os fogos que estariam sendo soltos na cidade. E o motivo seria a transferência do comandante da corporação para uma outra cidade. Ele foi à delegacia depois e sozinho, onde registrou a queixa pela violência.
MOTIVO DA AGRESSÃO
Sandro revelou ao Correio do Estado que há três anos, por força de reportagens publicadas por ele, o comandante da PM local o persegue. “Ele [comandante] quer saber o nome das fontes com as quais converso para produzir as reportagens policiais. Ora, é direito meu em preservá-las”, contou o jornalista, que não carregava rojões, conforme a batida policial feita em seu veículo.
O jornalista afirmou ainda que o comandante da PM o denunciou por “não revelar as fontes” por duas ocasiões. Numa delas, disse Sandro, o Ministério Público Estadual arquivou depois de ouvi-lo. Há, ainda, um procedimento que responde na Polícia Civil pelo mesmo motivo: resistência em revelar as fontes para a produção de reportagens.
O comando da PM da cidade de Nova Andradina ainda não se manifestou.
Pelo divulgado pelos sites da região, os PMs que agrediram o jornalista seriam um que estava de folga, outro afastado do trabalho por força de atestado médico, um que cumpria expediente e mais outro policial que atua em cidade vizinha.
O carro que os PMs usaram para perseguir e atacar o jornalista, embora descaracterizado, seriam usados pelos militares em casos de investigação.
Os sindicatos dos jornalistas de MS e de Dourados divulgaram um nota em que repudiram o episódio e pediram rigorosa investigação.
“É inadmissível e alarmante que um profissional da imprensa seja alvo de agressões e tortura enquanto exerce seu trabalho de informar a sociedade. O ataque a um jornalista representa um ataque direto à liberdade de imprensa, um dos pilares fundamentais da democracia”, diz trecho do comunicado dos sindicatos.