
Nem a cegueira impediu a culinarista Sônia Caldart, de 73 anos, de ter seu livro de receitas publicado. Ela chegou a ficar desanimada após receber o diagnóstico de retinopatia autoimune, mas escolheu não deixar o sonho na gaveta e, nesta sexta-feira (17), lança sua obra com orientações para preparar de feijoada até sopa paraguaia e dicas para quem não tem familiaridade nenhuma com a cozinha.
“Eu casei aos 28 anos e só sabia fazer café, até ovo eu queimava. Um dia fervi alface achando que era repolho e ficou um cheiro horrível. Mas comecei a fazer cursos, aprendi a cozinhar”, lembra Sônia que anos depois se tornou professora de culinária. “Se eu consegui, acredito que todos podem, sim, aprender a cozinhar”, diz.
Durante as aulas, Sônia costumava receber um pedido dos alunos: o de publicar um livro. Ela já fazia apostilas para eles assimilarem o conteúdo, mas não tinha tempo de organizar um manual. Com o passar dos anos ela também foi perdendo a visão, consequência de uma doença autoimune, e há três anos ficou completamente cega.
“Ela sempre foi muito à frente do tempo dela, então tinha todas as receitas digitadas, impressas e guardadas em pastas”, conta José, o coautor do livro.
Segundo ele, o trabalho não se resumiu a seleção e organização das receitas teve também muita conversa porque o livro apresenta a história de Sônia. “Eu falava para ela me contar com detalhes porque queria que as pessoas sentissem lendo a mesma emoção que eu estava sentindo convivendo com ela”.
José adianta que a publicação tem muita receita árabe, de canapés, sopas, quibes, patês, além de dicas de como manusear uma panela de pressão, por exemplo, e técnicas de congelamento. “Tem de coisas básicas até mais complexas”, resume.