Em um outro vídeo, Suely derruba um copo que está nas mãos de um idoso, “que tem alzheimer”, e parece discutir verbalmente com ele.
Outra denúncia contra Suely Gomes dos Santos foi feita por uma cuidadora que não quer se identificar por medo de represálias. Segundo esta cuidadora, a gestora teria proibido uma idosa de receber tratamento psiquiátrico para “controle de demência não identificada e transtorno bipolar”.
Ações no Ministério Público
O Ministério Público entrou com duas ações na Justiça contra Suely. Em uma delas, que está em sigilo, a juíza da Vara da Infância, Adolescência e do Idoso, Katy Braun, determinou medidas protetivas em favor de 19 abrigados. As medidas proíbem que a presidente da instituição tenha contato com os idosos, tendo que ficar a uma distância mínima de 300 metros deles, sob risco de prisão.
Em outra ação, na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Capital, o juiz David de Oliveira Gomes determinou busca e apreensão do equipamento de gravação de imagens da Casa Abrigo e a realização, com urgência, “de estudo psicológico do caso (pela equipe do fórum de Campo Grande) de modo que, ouvindo-se os internos, seja possível avaliar a presença ou não de maus tratos a eles.
O Ministério Público chegou a pedir o afastamento de Suely da presidência da instituição. Mas o juiz David de Oliveira Filho argumentou que “a retirada abrupta de alguém que está à frente de uma entidade como esta poderia causar ainda mais prejuízos aos seus institucionalizados”. Porém, o magistrado reforçou que a decisão pode mudar “se o pedido for renovado com outros elementos probatórios”.
A promotora Cristiane Rizkallah já está ouvindo testemunhas e analisando as provas da denúncia.
Defesa
A defesa de Suely diz não ter assistido aos vídeos. Ao g1, o advogado de Suely Gomes, Alex Santos, afirmou que as denúncias são “tendenciosas e com grande grau de má-fé”.
“Estamos alinhados para descredibilizar essas denúncias feitas baseadas em má-fé de dois funcionários da gestão anterior e que foram demitidos. Não tive acesso aos vídeos e tenho certeza que não depõem contra minha cliente”, afirma o advogado.
Ainda segundo Alex Santos há uma carta feita de próprio punho pela filha de um dos idosos, supostamente maltratado, em que ela “afirma que o pai é muito bem tratado e se sente segura deixando o pai lá”.
Sobre a ação que corre na Vara da Criança, Adolescente e Idoso, o advogado da acusada afirmou “desconhecer” a ordem de distanciamento dos abrigados e disse que Suely está “trabalhando normalmente”.
Suely Gomes assumiu o comando da casa para idosos, que se chamava Casa Abraão, no fim do ano passado, quando Edméa Almeida Couto, na época com 73 anos, pediu para deixar o cargo. Com a mudança de comando, e a extinção da antiga parceria com a prefeitura, foi criada a Caso do Aconchego.
A promotora responsável pelo caso, Cristiane Barreto Nogueira Rizkallah, disse que Suely demonstrou interesse em tomar conta da casa abrigo. Ela foi presidente da Associação de Moradores do bairro Arnaldo Estevão de Figueiredo, onde montou um centro-dia para atendimento de idosos. Esse trabalho a credenciou a ser aprovada, numa reunião na Secretaria de Assistência Social (SAS), com a anuência da própria promotora, para a presidência da instituição. Um novo convênio com a prefeitura foi feito.
A SAS informou que não foi comunicada oficialmente sobre essa ação civil e, tão logo isso aconteça, “tomará as medidas cabíveis e de competência da secretaria.”