O adolescente de 12 anos que foi baleado por um policial militar na rua pode perder os movimentos do pé. Ele segue em recuperação em casa após ser operado. O caso aconteceu no dia 1º de abril em Nova Andradina, município a 280 km de Campo Grande.
A reportagem entrevistou a mãe e o adolescente, que já está se recuperando em casa após passar por cirurgia de retirada da bala. Ele contou o que teria acontecido no dia em que levou o tiro.
“Eu acho que eles olharam no retrovisor e viram a gente. Aí eles pararam a viatura, desceram e chamaram a gente de ‘vagabundo’, ‘de moleque’. Xingou a gente e falaram: ‘Vai embora junto com os seus amigos’. Eu falei: ‘Vagabundo não’. Aí ele falou: ‘Você tá me chamando de vagabundo?’. Na hora que eu parei, ele atirou”. – Adolescente baleado
A mãe disse que só ficou sabendo que o filho estava ferido quando ele estava no hospital. Um conhecido da família viu o adolescente ser atendido.
“Cheguei e perguntei: ‘Eu quero saber o que aconteceu com meu filho. O que vocês fizeram com o meu filho?’. Ele [policial militar] falou: ‘Seu filho estava fazendo arruaça na rua e a gente mandou ele parar e ele não parou”, recorda a mulher.
Agora, o adolescente seguirá o tratamento em casa, com sessões de fisioterapia. A mãe teme pela saúde do filho.
“A bala destruiu as articulações dele, e ele pode perder o movimento do tornozelo, ficar sem andar. Espero que as fisioterapias ajudem ele a voltar a andar, não perder o movimento, e que a justiça seja feita”, pede a mãe.
Em nota, a PM alegou a equipe policial encontrou um grupo de adolescentes andando de bicicleta na rua com atitudes suspeitas, e que durante o procedimento aconteceu uma lesão corporal.
“Vamos fazer contato também com a família a fim de verificar melhor a condição dele para conseguir realizar a oitiva, assim como de outras testemunhas que estavam presentes no local, que já estão identificadas e os policiais militares que estava na ocorrência”. – Luiz Quirino Antunes Gago, delegado
Em Nova Andradina, será investigada a conduta do adolescente, que, segundo relataram os policiais militares no boletim de ocorrência, teria cometido atos infracionais de desobediência, desacato e ameaça.
