Operação foi deflagrada nesta quinta. Foto: Divulgação

A Polícia Federal apreendeu aeronaves e bens, incluindo grande quantia de dinheiro, de quadrilha responsável pelo tráfico internacional de drogas, em Mato Grosso do Sul, sendo nas cidades de Campo Grande e Corumbá, e outros oito estados.

A “Operação Grão Branco” foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (6), com objetivo de desmanchar a organização criminosa que trazia drogas, especialmente cocaína, da Bolívia para o Brasil, onde Mato Grosso do Sul era rota.

Durante as investigações, a quebra do sigilo telefônico de investigados possibilitou a apreensão de  mais de meia tonelada de cocaína, com a interceptação de uma aeronave pela Força Aerea Brasileira (FAB) em Três Lagoas, em agosto do ano passado.

A FAB ordenou o pouso obrigatório para inspeção, mas a ordem não foi obedecida e a aeronave foi considerada hostil, fazendo inclusive manobras arriscadas em áreas habitadas e colocando em risco o tráfego aéreo.

Após ser alvejado, o piloto informou que obedeceria o comando e pousaria em Três Lagoas, mas tentou novamente se evadir rumo ao Paraguai, no entanto, acabou fazendo pouso forçado em uma lavoura.

O piloto do avião interceptado, Nélio Alves de Oliveira, e o copiloto Júlio Cesar Lima Benitez, de 41 anos, foram presos. Nélio foi vereador e vice-prefeito de Ponta Porã.

As investigações avançaram e resultaram na deflagração da operação de hoje.

Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS), Polícia Civil de Mato Grosso (PCMT), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar de Mato Grosso (PMMS) e Polícia Militar de São Paulo (PMSP) são algumas das corporações que ampararam a Polícia Federal.

A Força Aérea Brasileira (FAB) e Polícias de alguns Estados também auxiliaram na Operação.

Foram cumpridos 110 mandados judiciais, sendo 38 de prisão e 72 de busca e apreensão.

Entre as apreensões, estão 10 aeronaves e o sequestro de bens de 103 pessoas físicas e jurídicas investigadas. O valor apreendido ainda está sendo apurado.

Ações foram realizadas também em Mato Grosso, Tocantins, Amazonas, Maranhão, Pará, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.

A “Operação Grão Branco” recebe este nome pois criminosos diziam transportar grãos de soja e milho para esclarecer viagens que carregavam cocaína.

Investigações

As investigações tiveram início em janeiro de 2019, quando foram apreendidos 495 quilos de cocaína em Nova Lacerda, no Mato Grosso, pela PF e o Grupo Especial de Fronteira (Gefron).

A partir desta apreensão, o núcleo de inteligência da Polícia Federal apurou que as pessoas envolvidas faziam parte de uma organização criminosa internacional responsável pela importação de grandes quantidades de cocaína da Bolívia para o Brasil.

Durante a operação, mais de 10 flagrantes foram feitos, com apreensão de 4 toneladas de cocaína, aeronaves e veículos que eram usados no transporte do entorpecente.

Conforme a PF, o líder da quadrilha foi condenado por tráfico de drogas, mas estava foragido da justiça brasileira.

Ele comandava o esquema a partir de uma mansão em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.

A droga saía do país vizinho por meio de aeronaves e chegava ao Brasil em pistas clandestinas de vários estados, entre eles o Mato Grosso do Sul, de onde o entorpecente era carregado em carretas e transportado para os grandes centros e até para o exterior.

Durante o inquérito, foram quebrados sigilos telefônicos e de dados de vários investigados.

Quanto as aeronaves, mais de 12 foram utilizadas no esquema criminoso. Elas eram compradas à vista, com pagamento em dinheiro, e depois licenciadas em nome de “laranjas”.

Esses laranjas eram pessoas pobres, a maioria residente na periferia e interior de São Paulo, Porto Velho (RO) e Teresina (PI). Eles constavam apenas como proprietários, operadores e beneficiários das apólices de seguros dos aviões, mas não tinham interferência na movimentação das aeronaves.

No Brasil, os gerentes do tráfico atuavam nas atividades de recepção de aeronaves, armazenamento da droga em fazendas arrendadas e remessa da droga por meio de caminhões, junto a cargas lícitas, entre outras atividades.

No ano passado, o líder da organização criminosa foi expulso da Bolívia, por meio da cooperação internacional com a Polícia Boliviana, e entregue as autoridades brasileiras, iniciando o cumprimento da pena do crime.

A família e amigos dele, no entanto, continuaram a comandar a logística de transporte da droga.