
Primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, Simone Tebet (MDB), ganhou destaque nacional por conduzir de maneira respeitosa e técnica os projetos encaminhados tanto pelo Governo Federal quanto pelo Legislativo. Avaliando sua trajetória na política, ela ressalta que ao longo dos trabalhos abriu muitas portas para as mulheres.
Antes de chegar no Congresso, Simone Tebet foi deputada estadual de Mato Grosso do Sul, prefeita de Três Lagoas e vice-governadora do Estado. No Senado ocupou funções como líder do MDB, presidente da CCJ e a primeira a concorrer à presidência da Casa, que tem 190 anos de criação.
“Também fui a primeira mulher a disputar a presidência do Senado após 190 anos de história. Isso me orgulha, mas também me dá uma ponta de indignação e tristeza. Afinal, ainda é difícil para a mulher superar alguns obstáculos para alcançar os postos de comando. A mulher na política, muitas vezes, precisa chegar chutando a porta”, destacou a senadora.
A parlamentar ressalta que o seu nome foi o primeiro em quase todos os cargos que ocupou, e que permitiu a continuidade da ocupação dos espaços por outras colegas, além de esperar uma presidente no Senado.
“Abrir a porta para que outras mulheres venham depois é uma das coisas mais gratificantes de ser “a primeira”. Tenho a certeza de que isso acontecerá. Foi assim na prefeitura de Três Lagoas. A minha sucessora também era mulher e foi eleita para dois mandatos. Na vice-governadoria, também veio uma mulher depois de mim. Acho que a tendência é de cada vez mais mulheres conquistarem espaços. Nossa luta incansável é para aumentar a representatividade feminina na política”, disse.
Formada em Direito, Simone ressalta a importância de as mulheres ocuparem espaços em que muitas vezes são direcionados para homens, assim como a CCJ. Questionada sobre o fato das parlamentares ficarem, em sua maioria, com as comissões de Direitos Humanos, Serviço Social e entre outros temas relacionados à família, a senadora destacou que a realidade precisa mudar.
“Lugar de mulher é onde ela quiser e para falar sobre qualquer coisa. Já passou da hora de desmistificar que só podemos atuar nas pastas relacionadas a direitos da mulher, assistência social, saúde ou educação. Esses temas são fundamentais e nosso olhar feminino é mais sensível a eles, mas também estamos aptas, sim, a tratar de economia, finanças, infraestrutura, industrialização, pautas jurídicas, etc. Não é uma questão de gênero. Estamos falando de capacidade intelectual e hoje são elas que têm as maiores taxas de escolaridade no Brasil. Garra, coragem e força de vontade são características da mulher. Apesar das dificuldades, muitas mulheres valorosas estão conquistando espaço em todas as áreas”, ressaltou.
Durante sua presidência na comissão mais importante do Senado, a parlamentar disse que não sentiu dificuldade com os colegas, mas destacou que tem um perfil técnico. Foram mais de 700 matérias votadas, 40 autoridades sabatinadas, 200 pessoas ouvidas em audiências públicas.
“Tenho um perfil muito técnico e jurídico, fui bastante respeitada pelos colegas. Imprimi uma gestão democrática na Comissão de Constituição e Justiça. Organizei a pauta por temas e, apesar da pandemia, conseguimos finalizar o nosso mandato à frente da Comissão mais importante da Casa com uma alta produtividade. Tratamos de temas da mais alta relevância como Previdência, Segurança Pública, Trânsito e matérias relacionadas aos diversos ramos de Direito”, finalizou.