Criança que morreu em hospital de Três Lagoas já chegou com ‘doença potencialmente grave’, afirma equipe médica

Hospital Regional de Três Lagoas se pronunciou após mãe acusar instituição de erro médico

Por meio de nota, a unidade médica explicou os procedimentos realizados na paciente / Divulgação/JP News

Hospital Regional da Costa Leste Magid Thomé, em Três Lagoas, se pronunciou a respeito da morte de uma criança de 6 anos na unidade hospitalar. Conforme instituição, menor já chegou ao hospital com “doença potencialmente grave”. Mãe acusa hospital de erro médico.

Por meio de nota, a unidade médica explicou os procedimentos realizados na paciente desde o momento de entrada. Conforme o hospital, a unidade recebeu por demanda regulatória, na madrugada da última terça-feira (16), por volta de 1h46, a paciente de 6 anos com quadro de Sepse.

A doença, potencialmente grave, é desencadeada por inflamação que se espalha pelo organismo diante de uma infecção avançada. Segundo a equipe, o atendimento realizado na unidade não foi primário, tendo em vista a necessidade de regulação. A paciente já havia sido atendida, anteriormente, por outras duas unidades locais de saúde.

“Após ser medicada e observada por profissionais de plantão, às 4h32 houve a necessidade de entubação, uma vez que a criança apresentava sinais de hipertensão e queda de saturação mesmo com máscara de oxigênio. Às 6h30, nova intervenção foi realizada, desta vez, o cirurgião pediátrico realizou passagem de dreno, por Pneumotórax. Após estes procedimentos, às 8h45, a paciente foi levada à UTI Pediátrica. No leito, às 13h20, foi realizada nova passagem de dreno, também no pulmão direito, necessária a partir do quadro clínico do momento. Às 16h a paciente evoluiu para parada cardiorrespiratória, e mesmo com o esforço dos profissionais, veio à óbito às 16h58”, descreveu o hospital.

A direção do hospital também lamentou o falecimento da paciente e se solidarizou com familiares e amigos. “A equipe mantém canal aberto para diálogo e está à disposição das autoridades e órgãos competentes para fornecimento de informações técnicas detalhadas e demais esclarecimentos”, finalizou.

Mãe denuncia negligência

A mãe procurou a polícia nesta quinta-feira (18) para denunciar a morte da filha na tarde de terça-feira (16). Conforme boletim de ocorrência, a mulher teria levado a filha até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) porque estava vomitando e reclamando de dores na garganta. Na unidade, foi realizado exames de sangue e urina.

A mãe contou ter sido informada pela médica que fez o atendimento, que a filha teria apresentado quadro de desidratação e alterações nos exames de sangue. A médica então teria pedido a transferência da criança para o Hospital Auxiliadora, para ser realizado exames avançados e um tratamento mais técnico.

Após a transferência, a criança teria recebido soro, passado por exame, como de raio-X do pulmão, e recebido máscara com nebulização. Na delegacia, a mulher relatou ainda que devido não haver vaga no Hospital Auxiliadora, foi solicitada a transferência para o Hospital Regional.

A mãe da menina disse que por volta de 1h de terça-feira (16), a filha deu entrada no Hospital Regional. A mulher teria sido levada para uma sala de espera e a criança foi para o setor de Emergência. Na ocasião, uma médica teria perguntado o que a criança estava sentindo e a mãe contou sobre os vômitos, diarreia, dor na garganta e que a filha reclamou de dores estomacais.

Ela também teria perguntado se a menina seria alérgica a dois tipos de medicamentos, sendo um deles antibiótico. A mãe disse que a criança nunca teria ingerido os medicamentos citados pela profissional. Depois de conversar com a mãe da criança, a médica teria receitado um medicamento na veia e solicitado mais exames de sangue e urina.

Após essa medicação, a mulher disse que a filha teria passado a reclamar de coceiras nas partes íntimas e aumento nas dores estomacais. Já por volta de 3h da madrugada de terça-feira, uma enfermeira teria ido até o quarto para aplicar outra medicação na criança.

Ao trocar a medicação, a enfermeira teria visto o braço da criança inchado e o corpo repleto de erupções, sugerindo uma possível crise alérgica medicamentosa. No boletim de ocorrência, a mãe disse que a enfermeira chamou a médica, que rapidamente foi à sala para atender a criança e, posteriormente, a levado para à Emergência, onde teria ido bastante agitada e com o corpo com sinais de alergia.

A mulher teria sido retirada do quarto e contou que ouviu gritos da filha, além de agitação dos funcionários. A menina foi levada para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e mãe só teria tido contato às 12h. Durante rápida visita à filha, uma segunda médica a teria abordado e questionado o que tinha acontecido com a menina.

A médica perguntou se ela teria sofrido alguma queda ou acidente caseiro, devido apresentar um inchaço no braço e uma suspeita de perfuração de pulmão. Teria dito ainda que a criança iria ficar com sequelas nos membros lesionados.

A mãe teria respondido que a criança não sofreu queda e relatou sobre os atendimentos anteriores, sendo na UPA e no Hospital Auxiliadora. A mulher observou que durante a visita na UTI do Hospital Regional, observou que a filha estava inconsciente, entubada e com um dreno no pulmão, que segundo a médica, seria para drenar líquidos do pulmão, decorrentes da lesão sofrida por uma suposta queda.

Ainda na UTI, a mulher disse que um terceiro médico teria se apresentado, dizendo ser pediatra e realizado procedimento, uma perfuração no pescoço e outra na região das costelas. Depois, foi abordada por assistentes sociais do hospital, segundo a mulher, que a levaram até uma sala, onde foi aconselhada a ir para casa, mas recusou.

Durante o tempo que ficou a espera de notícias da filha, ela disse que não teve muitas respostas. Teria notado uma movimentação de funcionários na UTI e sido impedida de entrar no local.

A mulher teria sido informada por uma médica e uma assistente social que a criança sofreu duas paradas cardíacas, não resistiu e morreu durante tentativas de reanimação. Ela procurou a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), onde denunciou o hospital por erro médico e o caso foi registrado como morte a esclarecer pela Polícia Civil, conforme o site JP News.