Dino manda Força Nacional para área em que indígenas de MS teriam sido atacados por seguranças

Unidade federal deve apoiar a Polícia Federal; ataque teria ocorrido em fazenda situada em Iguatemi

Força Nacional já foi acionada em outras ocasiões de conflitos envolvendo indígenas - arquivo/correio do estado

Três dias depois da notícia indicando que ao menos 30 indígenas guarani e kaiowá foram atacados por seguranças particulares em trecho de uma fazenda que tinha sido ocupada por eles, em Iguatemi, já perto da faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou por meio do Diário Oficial da União, nesta terça-feira (19), que autorizou o emprego da Força Nacional em operação da Polícia Federal na região.

Pela portaria, a unidade federal deve permanecer na área por três meses. Policiais federais foram para Iguatemi ontem, segunda-feira, dois dias depois do suposto ataque, que ocorreu na madrugada de sábado passado, segundo os indígenas.

Até esta terça-feira nenhuma autoridade divulgou algo sobre o desfecho do primeiro dia da operação da PF.

O CASO 

Equipe da Polícia Federal seguiu nesta segunda-feira (18) para a fazenda Cachoeira, em Iguatemi, a 416 km de Campo Grande onde, segundo indígenas, dois dias atrás, no sábado, seguranças armados, supostamente contratados por fazendeiros, atacaram um acampamento habitado por ao menos 30 integrantes dos povos guarani e kaiowá.

Até por volta 15h desta segunda-feira (18), a PF não tinha divulgado se a investida causou ferimentos em algum indígena ou se supostos agressores foram detidos..

A ação dos seguranças ocorreu no mesmo dia que os guarani e kaiowá ocuparam, na madrugada, trecho de uma área de mata da fazenda, que mede 2,3 mil hectares e que seria parte da Terra Indígena Iguatemipegua I, território dos originários conhecidos como Pyelito Kue e Mbaraka’y.. Ou seja, para os indígenas, eles ocuparam terras já tidas como suas.

Comunicado emitido pelo Cimi (Conselho Missionário Indigenista), entidade ligada à Igreja Católica e que defende a causa dos indigenistas, diz que:

“A área de mata ocupada por cerca de 30 indígenas, entre homens, mulheres e crianças, é chamada pelos Guarani e Kaiowá de ‘Tororõ’ e corresponde a uma pequena área da fazenda. É uma das poucas áreas do território que não foi desmatada pelos fazendeiros e coberta por pastagens”.

Segue a nota do Cimi: “os indígenas pedem apoio e a presença de autoridades federais na região, pois não confiam nas forças de segurança locais, em especial o Departamento de Operações de Fronteira (DOF). As forças estaduais possuem histórico de apoio aos fazendeiros e seguranças privados na região”.

Também de acordo com o comunicado:

“As Defensorias Públicas da União (DPU) e do Estado de Mato Grosso do Sul (DPE), assim como o Ministério Público Federal (MPF) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) já foram acionados”.

Até a tarde desta segunda-feira, entidades ruralistas não tinham se manifestado acerca do eventual ataque em Iguatemi. Assim que isso acontecer, este material será atualizado.

Fazendeiros contratarem empresas de segurança para atuarem em regiões de conflitos com indígenas não é uma novidade em Mato Grosso do Sul. Há, inclusive, casos de mortes. Veja exemplo aqui