Queda do óleo diesel reduz o custo do frete em 25% no Estado

Litro do combustível acumula queda de 28% em um ano, saindo de R$ 7,20 para R$ 5,15

A tabela com o valor mínimo do frete sofreu reduções em quase todos os meses deste ano - Marcelo Victor

Mato Grosso do Sul acumula queda de 28,47% no preço do litro do óleo diesel S10. Nas bombas, o consumidor economizou R$ 2,05 a cada litro abastecido. Em junho de 2022, o litro do combustível custava R$ 7,20, enquanto no fechamento do mês passado foi a R$ 5,15. No mesmo período, caminhoneiros explicam que o frete também registra redução de até 25%.

Conforme os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro do óleo diesel comum caiu 27,88%, passando de R$ 7,03 para R$ 5,07 no mesmo período. Os economistas listam a redução e a desoneração de impostos, queda no custo da matéria-prima, mudança na política de preços da estatal e também a queda na cotação do dólar como fatores que influenciam a redução de preços.

O economista Eduardo Matos explica que a queda nos valores do produto, que tem como base o refino do petróleo, tem um efeito cascata, refletindo em outros elementos, como insumos e inflação.

“Para o consumidor, houve a redução no frete dos itens de consumo, barateando-os. Enquanto olhando para o setor produtivo temos que o diesel é justamente um dos insumos amplamente utilizados em determinados segmentos”.

O economista Marcio Coutinho corrobora e evidencia que o preço de qualquer produto é composto por gastos de fabricação, impostos e lucro, formando o preço de venda. Sendo assim, ele destaca que a queda do preço é justificável pela redução em algum desses elementos.

“No caso específico do diesel, desde o governo passado e também no atual, existe uma redução em alguns impostos federais e isso faz com que a tendência do preço seja de queda, porque a partir do momento em que você tem uma diminuição esse será o resultado”.

Coutinho ainda frisa que o valor do barril do petróleo caiu aproximadamente 37% no mesmo período.
“Então a gente percebe que um dos componentes foi a matéria-prima, lembrando ainda que até alguns meses atrás a Petrobras adotava a paridade internacional, fazendo com que o produto ficasse mais barato ainda”.

Fechando sua análise, o economista aponta como positivo o impacto no Estado, principalmente para o agronegócio, atividade pujante em MS e utiliza muitas máquinas abastecidas a diesel. “Tratores, colheitadeiras e implementos que terão um custo menor para o produtor”, finaliza.

SETOR

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atualizou a tabela dos valores dos pisos mínimos do frete do transporte rodoviário de cargas mais de cinco vezes em 2023. Em todas elas foram registradas reduções nos preços, e o último variou em queda de 2% a 3% anunciada no mês passado.

Em nota, a agência informou que, pela legislação, é necessário reajustar a tabela do frete a cada seis meses ou quando a variação do preço do diesel for igual ou superior a 5% (para cima e para baixo). “Embora sinalize uma redução no valor do frete, o reajuste do piso não necessariamente trará uma economia perceptível aos consumidores”, detalhou em nota.

O diretor do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS), Dorival de Oliveira, comenta que houve impacto sobre valor do frete em Mato Grosso do Sul.
“Cerca de 20% a 25% mais barato do que quando estava no patamar de R$ 5,50. O mercado vai se regulando e, consequentemente, a ANTT também já mudou a tabela dos transportes”.

No entanto, o representante detalha que, apesar de toda a redução do diesel, o combustível representa 50% dos custos para o setor de transporte, e existem ainda gastos com peças, manutenção e mão de obra, fazendo com que o reflexo seja apenas parcial para o segmento.

“Essa queda não chegou totalmente para o transportador. Foi algo em torno de R$ 1 por litro no período”, diz.

O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros em Mato Grosso do Sul (Sindicam-MS), Osni Belinati, relata que a diminuição do diesel vem dando um alento à classe. Contudo, salienta que há outros pontos a serem considerandos.

“Houve aumento no custo geral de um caminhão, como pneu, mão de obra nas oficinas, custo com tacógrafos, documentos, e assim vai. O governo coloca de um lado e tira dos outros”.

Oliveira ainda complementa que muitas adequações devem ser feitas para que o setor possa se equilibrar minimamente. “O que falta é uma política de Estado, e não de governo, porque quando o setor começa a se estabelecer vem um novo governo e cria novas regras. Temos muitas empresas fechando e frotas sucateadas, já que atualmente é impossível fazer renovação de frota por conta das altas taxas de juros”, finaliza.

PREÇOS

Em um retrospecto, de junho do ano passado até junho de 2023, o maior preço para o óleo diesel comum foi identificado no mês de julho, momento em que o litro chegou a custar R$ 7,30, e na versão S10 foi a R$ 7,49.

Ao fazer um comparativo com preço mais elevado (R$ 7,30 em julho de 2022) e o menor (R$ 5,07 mês passado), o decréscimo se acentua ainda mais, ficando em 30,54%, ou seja, o consumidor economizou R$ 2,23 na hora de abastecer com óleo diesel comum.

Ainda de acordo com os dados da ANP, no mesmo período de julho do ano passado a junho de 2023, o diesel S10 apresentou queda de 31,24%, ou R$ 2,34 por litro, saindo de R$ 7,49 para R$ 5,15. (Colaborou Súzan Benites)