Veterano da 2ª Guerra, Agostinho da Mota morre aos 97 anos em Campo Grande

Veterano da Guerra, Agostinho Gonçalves da Mota, nasceu em Três Lagoas e morreu ontem (6), aos 97 anos.

Foto: Exército Brasileiro

Veterano do 11º Regimento de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu na Segunda Guerra Mundial na Itália, Agostinho Gonçalves da Mota morreu nessa terça-feira (6), aos 97 anos, em Campo Grande.

Em nota, a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB) afirma que o falecimento de Mota, que era presidente de honra da associação, ocorreu “serenamente”. A causa não foi informada.

Com a morte de Agostinho, dos quase 1 mil pracinhas de Mato Grosso do Sul que foram para a Itália com a Força Expedicionária Brasileira, entre os anos de 1944 e 1945, apenas dois seguem vivos, ambos com mais de 100 anos.

Ainda segundo a ANVFEB, Agostinho se tornou notório, também, por ser autor de icônicas frases, como: “a guerra acabou, porque era o meu aniversário” e, também, “estou 99,9%  bem”.

“Agora, temos certeza que ele se juntará a Deus, à sua querida Orlandina, aos seus familiares e a todos os seus companheiros da FEB que já se foram, dizendo, com as tradicionais gargalhadas, que está 100,1 por cento bem, porque terminou a sua missão terrena na véspera da Independência do Brasil”, diz a nota.

História

Agostinho Gonçalves da Mota nasceu em Três Lagoas, no dia 7 de maio de 1925.

Ficou órfão de mãe aos 3 anos, juntamente com outros cinco irmãos.

Em 1942, com 17 anos, ingressou no Exército com o objetivo de obter documentos para trabalhar.

Ele atuou no então 18º Batalhão de Caçadores – 18º BC, em Campo Grande, como voluntário, onde permaneceu por três meses, tendo sido, em seguida, transferido de volta para Três Lagoas, como integrante do 33º Batalhão de Caçadores – 33º BC.

Foi no 33ºC que ele recebeu a convocação para ir à guerra.

No dia 22 de setembro de 1944, embarcou rumo à Itália, no 2º Escalão, juntamente com outros 5.074 militares, sob o Comando do General Oswaldo Cordeiro de Farias, Comandante da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária – 1ª DIE.

Integrou a Força Expedicionária Brasileira, no 11º Regimento de Infantaria, de São João Del Rei – MG, o Regimento Tiradentes, tendo lutado contra os nazistas na Itália, entre 23 de novembro de 1944 e 17 de setembro de 1945.

Agostinho participou ativamente das batalhas de Monte Castello, Porreta Terme, Montese, Mazzarosa e da rendição da 148º Divisão de Infantaria Alemã, em Fornovo di Taro.

Após a guerra, de volta ao Brasil, juntamente com outros veteranos, fundou a Seção Regional de Mato Grosso do Sul da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB).

O objetivo era estreitar e prolongar os laços de camaradagem e de solidariedade humana entre os veteranos e os seus familiares, assim como rememorar a história e as glórias do Brasil, na 2ª Guerra Mundial e, ainda, defender os interesses dos veteranos da FEB.

Criou o Museu da Força Expedicionária Brasileira e o Monumento da FEB, na Avenida Afonso Pena, ambos em Campo Grande, e o Monumento da FEB, em Aquidauana – MS, no interior do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, única organização militar da Região Centro-Oeste que participou da guerra na Itália.

Desde 1985, foi reiteradas vezes, eleito o Presidente da ANVFEB/MS.

Após a promulgação da Constituição Federal / 1988, foi formalmente considerado “ex-combatente” da 2ª Guerra Mundial e reformado, passando a receber a Pensão Especial de Ex- combatente, equivalente ao posto de 2º Tenente.

Pela sua conduta, recebeu diversas condecorações e títulos, tais como a Medalha de Campanha da Força Expedicionária Brasileira, do Governo Brasileiro, por ter participado na guerra, Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes, Medalha do Mérito Força Expedicionária Brasileira, Medalha da Vitória, do Ministério da Defesa; Medalha Cruz Européia, da Federação Italiana dos Combatentes Aliados – FIDCA; dentre outras.

Era viúvo, tendo sido casado por mais de 70 anos.

A vida do ex-combatente foi objeto de dois livros, sendo “Herói de duas guerras – jornada de um ex-combatente” e “Febianos – histórias e recomeços”.

O pracinha também era funcionário aposentado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, onde começou a trabalhar em 1948, e onde, até recente e anualmente, participava dos festejos natalinos, atuando como Papai Noel.

O velório começou às 10h e o sepultamento está previsto para às 15h, no Cemitério Parque das Primaveras, em Campo Grande.