‘Solução’ na pandemia, trabalho híbrido ainda é pouco adotado em Mato Grosso do Sul

Após a vacinação contra a covid, muitas empresas retomaram com as jornadas presenciais e poucas mantiveram o modelo híbrido de trabalho

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Solução para os tempos críticos da pandemia, o teletrabalho ou home office foi usado por inúmeras empresas país afora, inclusive em Mato Grosso do Sul. Com a chegada da vacinação, logo a vida foi voltando “ao normal”, e um novo modelo de trabalho surgiu: o híbrido. No modelo, o trabalhador cumpre parte do expediente em casa e em outros dias, na empresa, presencialmente.

No entanto, o modelo de trabalho ainda não conquistou os empregadores de MS, diferente de estados como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. Basta uma pesquisa no LinkedIn para avistar as inúmeras vagas ofertadas, inclusive, para trabalho totalmente remoto.

Em Mato Grosso do Sul, poucas empresas de segmentos específicos adotaram o formato de trabalho, explica Sandra Quadros, analista de Recursos Humanos. Pouco é adotado no regime CLT.

“Por aqui, só algumas empresas optaram pelo trabalho híbrido, mas muitos que têm essa modalidade contratam pessoas que são MEI (Microempreendedores), e aí vira um pacote. A empresa fornece um salário um pouco maior e aí não ajuda com mais nada o empregado, e ele ainda precisa emitir nota fiscal”, explicou.

Ela diz que empresas de publicidade, de tecnologia da informação e uma empresa de alimentos aderiram ao trabalho híbrido. “Algumas aderem ao home office direto, avaliam e fazem um pouco do híbrido, ficou muito confortável para as empresas, ainda mais depois da pandemia”, disse.

“Não muda a nossa produtividade”

Uma trabalhadora da área administrativa e CLT, que prefere não se identificar, disse que onde trabalha já até rolou uma espécie de pedido comunitário para os chefes autorizarem o trabalho híbrido, mas não adiantou.

“A gente trabalhou por quase um ano e meio de home office e foi muito bom. Eu acredito que não impactou em nada o nosso desempenho, porque trabalhávamos da mesma forma em casa, fazendo as mesmas coisas que na empresa. Quando voltamos a trabalhar [presencial] pedimos para trabalhar híbrido, mas não aconteceu”, disse.

Ela pontua que trabalhar em casa traz um conforto, flexibilidade e também economia de tempo e dinheiro. “O tempo que gasto indo trabalhar na empresa, levo uns 40 minutos de carro. Se estivesse em um modelo híbrido, por exemplo, trabalhando em casa duas vezes na semana, economizaria uns R$ 160 de gasolina na semana”, pontua.

Trabalho híbrido reduziu perda de funcionários, mostrou pesquisa

Uma pesquisa da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que o trabalho híbrido reduziu as taxas de perdas de funcionários em uma grande empresa de tecnologia em 35% e melhorou as pontuações de satisfação no emprego.

Conforme o Valor Econômico, após a pandemia, muitas empresas optaram por acordos de trabalho híbrido, onde normalmente os trabalhadores realizariam o expediente de dois a três dias por semana no escritório e o resto em casa.

Com a taxa de desemprego nos EUA perto de seu nível mais baixo em cinco décadas, até mesmo alguns dos críticos mais ferrenhos do trabalho em casa mudaram de tom para atrair e reter funcionários.

Regulamentação

Conforme a medida provisória que regulamenta a adoção do modelo híbrido de trabalho, os trabalhadores poderão atuar a maior parte dos dias presencialmente, e a outra parte da semana remotamente, ou vice-versa.

De acordo com o Estadão, a medida provisória estabelece ainda que a presença do trabalhador no ambiente de trabalho para tarefas específicas, ainda que de forma habitual, não descaracteriza o trabalho remoto.

Segundo o texto, trabalhadores com deficiência ou com filhos de até quatro anos completos devem ter prioridade para as vagas em teletrabalho.