Enquanto o governo federal celebra a inauguração de mais uma fábrica de fertilizantes no início do mês no Estado do Paraná, a UFN3 segue sem avanço nas negociações para Três Lagoas. Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, em entrevista exclusiva ao Capital News, apesar de continuar na pauta de interesses da Petrobras, a demora é uma preocupação do governo do Estado embora saiba que não há desistência. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, confirmou um encontro marcado sem data certa, para o mês de outubro.
“Na última reunião que tivemos aqui em Campo Grande com a ministra, a data do encontro para tratar deste assunto era dia 30, mas acabou sendo postergada para outubro”, informou. Segundo ele, na ocasião, o governador Eduardo Riedel e o próprio secretário deverão ir até a Petrobras tratar deste cronograma.
Por enquanto, o que continua é a manutenção que vem sendo feita no canteiro de obras e o trabalho da empresa de consultoria contratada para a avaliação tecnológica sobre a reestruturação. “Precisamos saber quanto é o gasto para terminar esse empreendimento, o que se torna cada vez mais premente levando em conta todo o problema geopolítico mundial e a dependência do Brasil a fertilizantes”, explicou Verruck, o que, segundo ele, do ponto de vista estratégico é muito relevante e está muito claro no escopo da Petrobras.
Investimentos
Reportagem publicada no início da semana pelo canal Click Petróleo e Gas, diz que a Petrobras planeja investir até R$ 3,5 bilhões para concluir a UFN3, informação que teria sido divulgada pelo diretor-executivo de Processos Industriais e Produtos da Estatal, Willian França, durante Congresso. O investimento, segundo a publicação, está sendo visto como uma medida crucial para a conclusão do projeto, que está atualmente 85% finalizado. A expectativa, segundo ele, é de que a retomada das obras seja incorporada no próximo Plano Estratégico da Petrobras entre 2025 e 2029.
“Talvez seja mais uma questão de priorização. A gente percebe claramente que se procurar parceiros no mercado nacional ou internacional, vai encontrar, dado que inaugurou no Paraná com parceiros. Nossa preocupação agora é com prazos, não com a visão estratégica, que continua”, finalizou.
No início do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da retomada das atividades da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), empresa subsidiária da Petrobras, que receberá R$ 870 milhões em investimento para a reabertura. A unidade foi fechada em 2020, e seus trabalhadores foram dispensados.
Em abril deste ano, o então presidente da Petrobras Jean Paul Prates chegou a afirmar durante visita acompanhando o presidente Lula ao complexo industrial JBL, em Campo Grande, que o processo licitatório para as obras de conclusão da UFN3 deve ser iniciado em dezembro. Um dos pontos informados na época, era de que para concluir a obra, seriam precisos investimentos na ordem de R$ 5 bilhões. Segundo ele, a unidade deve estar operando até o final de 2028, mas até o momento não há um cronograma de ações pontuais.
Entenda o caso
A construção da UFN3 em Três Lagoas teve início em 2011 e a obra foi paralisada em dezembro de 2014 com 81% de conclusão, após a Petrobras romper o contrato com o consórcio responsável pela obra. A estatal colocou a UFN3 à venda em setembro de 2017, alegando que não tinha mais interesse em seguir no segmento de fertilizantes
Com 81% da obra realizada, a construção foi paralisada no final de 2014. A fábrica de fertilizantes foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, fazendo a separação e os transformando em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.
* Matéria editada para a atualização de informações.
Nelson Mendes/Arquivo Petrobrás